ATA DA REUNIÃO DE INSTALAÇÃO DA QUARTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 04.01.1996.
Aos quatro dias do mês de
janeiro do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, na Sala da Sessões
do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e
trinta minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto
Ferronato, Artur Zanella, Clovis Ilgenfritz, Dilamar Machado, Edi Morelli,
Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn,
João Dib, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Titulares, Wilton Araújo, não Titular.
Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios n0 s 659/96, do
Senhor Prefeito Municipal, 011/95, do Presidente da Câmara Municipal de
Farroupilha/RS, 38/95, do Presidente da Associação dos Funcionários da Fundação
de Educação Social e Comunitária, FESC, 206/95, do Conselho da Ordem dos
Advogados do Brasil/RS, 4257/95, do Gabinete do Ministro da Fazenda, s/n0
s, do Deputado Estadual Valdir Fraga,
do Secretário de Estado da Fazenda; Cartão, do Secretário de Estado da
Cultura. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Artur Zanella teceu considerações sobre os
gastos com a montagem de arquibancadas para o carnaval, reportando-se à
necessidade de estudos ambientais para instalação da Pista de Eventos na
Cidade. O Ver. Edi Morelli saudou o Ver. Isaac Ainhorn por ter assumido a
Presidência da Casa, reportando-se, também, às obras da Avenida do Trabalhador.
O Ver. João Dib, desejando sucesso à nova Mesa Diretora da Casa, teceu
considerações sobre o relacionamento do Executivo Municipal com esta Casa. O Ver. Guilherme Barbosa reportou-se à
futura crise energética que pode assolar o Estado, discorrendo sobre a
implementação de parcerias entre o Governo do Estado e a iniciativa privada
para a construção de usinas hidroelétricas. O Ver. Airto Ferronato reportou-se
à argüição de inconstitucionalidade do Executivo Municipal ao abono concedido
por este Legislativo aos seus funcionários. O Ver. Clovis Ilgenfritz
congratulou-se com a nova Mesa Diretora da Casa, elogiando o trabalho
desenvolvido pelo Ver. Airto Ferronato e tecendo considerações sobre o ano
legislativo transcorrido. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. João Dib reportou-se
a compra de prédio na Rua dos Andradas pelo Executivo Municipal sem a
autorização desta Casa e, também, a argüição de inconstitucionalidade por
aquele Poder do abono concedido aos funcionários desta Casa. Em COMUNICAÇÕES, o
Ver. Dilamar Machado discorreu sobre a falta de divulgação e de infra –
estrutura turística de Porto Alegre propugnando por um melhor aproveitamento da
faixa portuária da Cidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Dilamar Machado
discorreu sobre a recuperação dos espaços do Centro da Cidade, comentando o
problema do comércio informal dos camelôs e dos pontos de ônibus na Avenida
Senador Salgado Filho. Às onze horas e dois minutos, nada mais havendo a
tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os
Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereadores Isaac Ainhorn, Edi
Morelli, Geraldo de Matos Filho e Luiz Negrinho, e secretariados pelo Ver.
Geraldo de Matos Filho. Do que eu, Geraldo de Matos Filho, 10
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Não há quórum, para o
ingresso na ordem do Dia, onde consta uma Indicação para ser votada, de autoria
do Ver. Mário Fraga, e Requerimentos. Então, passaremos imediato ao Período de
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Saúdo o Ver. Isaac Ainhorn, que assumiu hoje a titulariedade dos
trabalhos legislativos nesta Casa, e o restante da Mesa. Desejo que sejam
felizes e tenham um desempenho, no mínimo, igual ou superior aos outros ex –
Presidentes que se encontram presentes em Plenário, falo dos Vers. Luiz Braz e
Dilamar machado. Venho à tribuna para anunciar que a Prefeitura Municipal
bloqueou, a partir desta semana, a Pista de Eventos da Av. Augusto de Carvalho,
também chamada, na época dos eventos carnavalescos, Pista Roxo. Lá serão
queimados, na montagem das arquibancadas, cerca de 700 a 800 mil reais ou
dólares, que durante dois meses e três dias de Carnaval, mais uma muamba, mais
o dia dos campeões – cinco dias - , depois leva mais meio mês, aproximadamente,
para desmanchar. Então, fica dois a três meses fechada, a pista de eventos, uma
pista que não tem sanitários em condições, que, proporcionalmente, tem o
camarote mais caro do Brasil, pior camarote do Brasil, as escolas têm problema
de fazer suas alegorias, tem problema de altura, de largura, tem problema de
dispersão, os carros ficam atirados, e tudo isso porque não se resolve o
problema do local definitivo da pista de eventos de Porto Alegre, que chamam de
Sambódromo, que vai ocupar o tempo todo. Fiz um pedido de providência para que
a Prefeitura Municipal cumpra uma das mais esdrúxula decisões judiciais que já
vi até hoje; para recordar a Prefeitura mandou dois locais para estudo nesta
Casa, um deles dentro do parque, o outro fora do parque, o que estava fora do
parque, mas em frente de um prédio da Justiça Federal que será inaugurado, a
Justiça determinou que se faça audiência pública, estudo do rima, do pacto
ambiental e 90 dias para anúncios públicos, fora do parque, o que está dentro
do parque a própria Juíza disse que não precisa, porque não é bom lugar, dentro
do parque não precisa estudo nenhum de pacto ambiental, o que está fora do
parque é preciso.
(Troca-se a Presidência.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Negrinho): O Ver. Clovis
Ilgenfritz está com a palavra.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a revista Veja publicou em manchete de capa que o ano de 1995 mais
de três milhões e meio de brasileiros viajaram para o exterior, ocorrendo um
aumento de 20%, relativamente ao ano de
1994. Das duas uma, ou o brasileiro está mais rico, o que não é bem verdade, ou
o brasileiro busca através do turismo, da viagem, às vezes até desnecessária,
para as quais inclusive está despreparado, viagens a certos pontos
internacionais do turismo internacional e busca esquecer a crise através de um
processo psicológico da viagem ao exterior.
Enquanto três
milhões de brasileiros procuraram principalmente Cancun, Disneilândia, Nova
York e outros pontos menos votados, um milhão e meio de turistas ingressaram no
País, o que dá ao nosso País um déficit brutal, País continental como o Brasil,
que tem atrações turísticas como, por exemplo, o Pantanal, o litoral do
Nordeste, o Rio de Janeiro, o Pampa do Rio Grande, a nossa Depressão Central,
temos atrações turísticas infinitamente superiores a países da Europa, países
esclerosados de uma paisagem meramente artificial, porque em países como a
Alemanha, a França, a Espanha, nesta época ao se viajar pelo interior da
Espanha se encontra única e simplesmente paisagens áridas, quando eventualmente
se encontra um bosque, ele é artificial porque os países da Europa destruíram
definitivamente a natureza, a nós ainda cabe, não sei o percentual, talvez não passe de 5% do que era a antiga Mata
Atlântica, mas esses 5% somados aos
milhões de hectares da Amazônia representam toda Europa e todos os outros
grupamentos urbanos hoje pontos de atração turística.
Alguma coisa
está errada, para não dizer muita coisa está errada neste País em termos de
trazer o turista: falta de infra – estrutura, falta de educação do povo
brasileiro para receber o turista, a insegurança que o turista sente em nosso
País, é muito comum que ocorram assaltos, assassinatos. Em cidades como Nova
Iorque, no ano passado, uma brasileira, residente em Nova Iorque, ao fazer uma
corrida matinal no Central Parque foi assassinada brutalmente e o fato virou
notícia internacional. Mas é um fato isolado numa Cidade por onde circulam
diariamente oito milhões de pessoas e é, Ver. Clovis, uma Cidade extremamente
organizada. Estive oito dias em Nova Iorque e não vi nenhum ato de violência.
Não vi punga, mendigo, assalto, nem gente chata na rua.
É evidente que
a Cidade é um “shopping”. É uma Cidade que atrai pela compra, por algumas
tradições que encantam o turista. Digo tudo isso para me fixar na Cidade em que
moro, vivo e que represento parcela da população. Qual é a atração turística
que Porto Alegre tem? Qual é a razão que teria um turista, já não digo
estrangeiro, mas brasileiro para permanecer mais do que vinte e quatro horas em
Porto Alegre? Para visitar o quê? Passar na frente do Beira Rio, olhar a Usina
do Gasômetro, o Largo Glênio Peres, o Mercado? Volto a fazer um apelo, e o faço
na figura do Ver. Clovis Ilgenfritz que, independente de sua condição de
Vereador do Partido do Governo é um arquiteto e dessa forma tem a cabeça
voltada para a estética urbana. O grande problema de Porto Alegre, Ver. Luiz
Braz, que transita mais na periferia, é o Centro da cidade de Porto Alegre, que
morreu, foi assassinado lenta e gradualmente ao longo dos últimos vinte, trinta
ou quarenta anos. É esclerosado, triste. Qual de nós teria coragem de transitar
com a sua família numa das transversais da Júlio de Castilhos, depois que a
noite cai. Qual a pessoa de bem desta Cidade que pode transitar pela Rua
Vigário José Inácio agora, neste horário, 11h. É um mercado árabe, sem nenhuma
agressão aos árabes, porque conheci, Ver. Dib, na sua região, o chamado Mercado
do Cairo. V. Exa. deve conhecer a cidade do Cairo. Um milhão e meio de pessoas,
no mínimo, trabalham no que chamam, não lembro exatamente o nome, mas é um
mercado aberto nas ruas de Cairo e é uma confusão, porque ninguém se entende,
obviamente, e se vê ali gente vendendo carne de carneiro e, ao lado, jóias,
ouro, pedras preciosas, perfumes e essências.
A Vigário José
Inácio, hoje, é uma agressão à cidade de Porto Alegre. O que pode fazer o
Prefeito Tarso Genro? Pegar a fiscalização da SMIC, ir lá e arrancar aqueles
camelôs e jogá-los aonde? E o problema social, como fica? Por isso, Ver.
Clovis, a única coisa que me magoa no Partido de V. Exa. é que o PT é
integralmente e definitivamente surdo a qualquer sugestão que um Vereador da
oposição dê desta Tribuna. Há mais de um ano, eu alertei os companheiros do PT
sobre o anel viário da Rodoviária de Porto Alegre, é uma tragédia diária,
permanente. Eu sou usuário daquele setor porque moro no bairro Santana,
dirijo-me três vezes por semana à ULBRA e três vezes por semana eu sofro para
passar aquele trecho do túnel da Conceição até a Castelo Branco, porque é uma
agressão e não se resolve.
Eu quero, mais
uma vez, alertar V. Exa. , como arquiteto, na época, eu acho que o Prefeito
Villela estava baseando no que ele considerava certo; hoje, está errado. Se nós
não recuperarmos o fluxo de trânsito da Av. Borges de Medeiros para animar o
centro da cidade, inclusive, na Rua da Praia, que foi o cartão de visitas de
Porto Alegre, se nós não tirarmos os terminais de ônibus e de lotação da Av.
Senador Salgado F0, se nós não tirarmos terminais de ônibus
da Borges de Medeiros, não encontrar-mos uma solução, e tem que haver uma
solução, nós vamos, definitivamente, assassinar o centro de Porto Alegre. Ninguém
mais irá ao centro, se criarem a Rua 24 Horas, como a Prefeitura está querendo
criar, vai criar um ponto de malandragem, não vai ser uma Rua 24 Horas ao
estilo da que tem na capital do Paraná.
A solução que
eu vejo é o aproveitamento da faixa portuária. Nós temos uma enorme faixa
portuária, nós temos uma Av. Mauá entrecortada por um muro, nós temos enormes
pavilhões que podem ser utilizados, como está sendo utilizado, em New York, o
Píer 17, como se utiliza em Buenos Aires, o Píer 52, milhares de pessoas
transitam ali, diariamente, é um ponto de atração turística, é um “shopping” de
vendas, de comércio e alimentação, de
cultura e que efetivamente poderia recuperar a alegria do porto–alegrense de ir
ao Centro da sua Cidade.